sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Antes de fascismo e nazismo, bolsonarismo já tinha protagonistas: demônios.

O romancista russo Fyodor Dostoiévski explorou, em sua obra, o que acontece com a sociedade quando as pessoas que chegam ao poder carecem de qualquer aparência de convicções ideológicas ou morais e veem a sociedade como desprovida de significado. Foi plenamente observável, e com semelhanças assustadoras nas ações e retórica de Bolsonaro na campanha para a eleição de 2018. As advertências de Dostoiévski - particularmente em seu romance mais político, “Demônios”, publicado em 1872 - são mais verdadeiras do que nunca. Aplicam-se diretamente à situação que se estabeleceu no Brasil com a eleição do Bolsonaro. Os protagonistas niilistas de Dostoyevsky atuam como os mais exemplares bolsonaristas.  Embora ambientado em uma sonolenta cidade provinciana russa, "Demônios" serve como uma alegoria mais ampla de como a sede de poder em algumas pessoas, combinada com a indiferença e a recusa de responsabilidade por outras, equivalem a um niilismo devastador que consome a sociedade, fomentando o caos e custando vidas. Some-se a esses fatores a vontade política de uma elite financeira poderosa e de interesses internacionais que controlam corações e mentes dos sedentos de poder e o resultado é justamente o Brasil da era Bolsonaro, um país facilmente devastado pelas ações de um (des)governo que não tem qualquer cuidado pelas necessidades da população nem pelos patrimônios natural e cultural do país.  Para culminar a desgraça da nação, abate-se justamente ao mesmo tempo a pandemia da covid-19, cujo combate passa a ser permanentemente sabotado pelo pretenso chefe da nação, que não apresenta mínimas manifestações de comiseração e sentimento pela morte de mais de 200 mil pessoas, número que só tende a aumentar. 

quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Um Sonho de Ano Novo

A relação humana com o tempo é uma das mais familiares. Imaginamos como seria a vida se uma relação com o tempo existisse distinta da que conhecemos. As passagens de ano, como essa de 2020 para 2021, poderiam ter uma característica inédita e utilíssima para a humanidade. De uma forma superficial, mas objetiva, vamos adotar a concepção espontânea mais simples possível sobre o tempo, para iniciar uma discussão desse conceito. Vamos simplesmente admitir que o tempo passa. E aceitar também a concepção de que passa continuamente. Obviamente, isso não diz tudo, mas dificilmente alguém terá uma concepção espontânea diferente desta sobre o tempo. Assim, parece ser comum a toda a humanidade os votos de melhores dias, os desejos de saúde, felicidades e alegrias no ano novo. Todos os seres humanos estão sujeitos a emitir e a receber votos de feliz ano novo. Trata-se de um ato que equivale a um direito humano. Um ano novo é um tempo à frente, tão certo quanto o raiar de um novo dia, para o qual todos os humanos vivos estão a priori qualificados, independente das suas ações e omissões. Isto é assim porque os humanos, desde os primórdios da Antiguidade, reconhecem o tempo como uma quantidade passível de ser medida, pois associável à duração de fenômenos naturais. Com o passar do tempo, inventamos uma duração para as repetições dos períodos com e sem a luz do sol, os dias e as noites. Verificamos que isto é assim devido à esfericidade do planeta Terra, que gira em torno do eixo de rotação próprio que passa pelos polos. Percebemos a repetição de estações - verão, outono, inverno, primavera - devido ao fato de que esse eixo não muda continuamente de direção à medida que a Terra se move ao longo da sua órbita em volta do sol, em seu movimento de translação. E isso levou à criação da unidade de medida do tempo que chamamos de ano. Dividimos o ano em meses e semanas e o dia em horas, minutos e segundos. O tempo é uma quantidade física fundamental e tem o segundo como sua unidade de medida básica no Sistema Internacional de Unidades. Apesar de todas essas unidades, cada uma útil para diferentes escalas, ninguém questiona a passagem contínua do tempo. Isto é um dado inquestionável. Note que não é assim para a massa do universo. Esta se manifesta em quantidades distintas, dependendo do aglomerado de matéria considerado. As unidades de medida de massa variam conforme o objeto a ser pesado. Nesse aspecto de diversidade não há distinção em relação às unidades de tempo. A grande diferença é que a massa não está continuamente distribuída no universo. Cada objeto tem sua massa própria, em princípio sem conexão com a massa própria de outros objetos. Isso não acontece para o tempo. Mas é um fato nesses tempos atuais (século 21), quando a ciência alcançou um estágio de desenvolvimento inconcebível há algumas décadas, que há cientistas que trabalham em uma área da física explorando um conceito de tempo muito diferente deste com que estamos acostumados, porque se trata de um tempo granulado, descontínuo, um tempo quântico. Obviamente, sendo um conceito desenvolvido no âmbito de estudos da natureza envolvendo não só a mecânica quântica, mas também a teoria da relatividade geral, a escala dessa discretização ou quantização do tempo é tão pequena que acha-se efetivamente fora da percepção humana, mesmo com o uso de qualquer instrumento concebível. Esses cientistas concebem intervalos de tempo tão pequenos quanto 10^(-43) s (= 0,000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 1 s) um intervalo de tempo característico chamado tempo de Planck. Evidentemente, esta é uma duração de evento completamente inalcançável como uma medida, mesmo com as atuais tecnologias de mensuração do tempo associadas aos aceleradores de partículas. O campo de pesquisa que lida com essas ideias chama-se gravidade quântica em loop e para seus cientistas (todos teóricos, nenhum experimentalista) essa adversidade não é uma preocupação. A ideia que eles perseguem, mais especificamente, a da quantização do espaço-tempo, será retomada no que segue a título ficcional considerando apenas a quantização do tempo. Vamos imaginar como seria a vida se uma relação com o tempo existisse distinta da que conhecemos. Em particular, que a quantização do tempo pudesse afetar a vida cotidiana. Provavelmente, nessa condição, poderíamos considerar a unidade segundo como um quantum de tempo, mas talvez ela não fosse tão útil. Mais prático, poderia se pensar um quantum de tempo como sendo essas fatias em que temos o tempo dividido na unidade chamada ano. Tendo o ano como um quantum de tempo custaria algo aos humanos para mudar de ano, assim como trocar de bolha. Não é muito lógico supor consumo de energia por cada humano com o fim exclusivo de mudar de ano. Pela população que há na Terra seria um desperdício de energia. Melhor seria imaginar critérios estritamente humanos que possam qualificar os seres humanos a mudar de ano. Tal passagem não seria mais como vem acontecendo, estando dada para todos do mesmo modo. Seria exigida satisfação desses critérios. Cada 31 de dezembro seria o dia do juízo anual, e não precisaria recorrer a nada de caráter divino. Estariam qualificados para mudar de um quantum de tempo para o próximo, algo como passar de 2020 para 2021, aqueles seres humanos que demonstraram as principais virtudes que se espera de um ser humano, independente do território em que vive. Tais virtudes são aquelas que norteiam as qualidades desenvolvidas pelos seres humanos. Seriam elas: Sabedoria, Conhecimento, Coragem, Humanidade, Justiça, Temperança e Transcendência. Na medida em que ficasse demonstrada na vida de cada um ações e omissões que caracterizem tais virtudes, estaria esse indivíduo qualificado para mudar de quantum do tempo, para ingressar no ano novo. Caso contrário, teria a chance de refazer sua trajetória anual com a possibilidade de alterar suas decisões em relação ao ano anterior vivido, visando seu aprimoramento como ser humano. Assim, poderia estar qualificado na revivência do seu novo 31 de dezembro daquele mesmo quantum, daquele mesmo ano em que não se qualificou. Seria uma espécie de purgatório na Terra. Nesse sentido, esse tempo quântico seria um ingrediente da natureza que teria a vantagem de aprimorar a espécie humana, certamente a única que necessitaria passar por esse processo de qualificação, já que todos os demais seres vivos, dos reinos animal e vegetal, têm suas tais virtudes inatas. Punição por não se qualificar então seria repetir o ano com a chance de fazer diferente, buscando aprimorar-se como ser humano. Se assim fosse, os nivelados, aqueles que sempre se qualificam a cada 31 de dezembro, seriam pessoas diferentes para melhor, mais aprimoradas como seres humanos. Portanto, no sentido desse sonho, é uma pena que a mecânica quântica não permita a quantização do tempo na escala humana. Pessoas como Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil, Viktor Orbán, atual primeiro- ministro da Hungria, Aleksandr Lukashenko, atual presidente da Bielorússia, Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, Rodrigo Duterte, atual presidente das Filipinas, Recep Tayyip Erdoğan, atual presidente da Turquia, e muitos outros seres humanos desprezíveis, tais como os pastores Marco Feliciano e Silas Malafaia, e os ministros de Bolsonaro, Ernesto Araújo, Ricardo Sales, Rogério Marinho, Paulo Guedes e Damares Alves não teriam agora certamente a chance de sair de 2020 e passar para 2021, não teriam dessa vez a chance de mudar de quantum de tempo. Teriam que se submeter a uma revivência de 2020 (notem que nem cogitamos a pena capital) em que possivelmente revisariam muitas das suas atitudes com o fim de obter qualificação um ano depois para viver o seu 2021, quando todas as outras pessoas que tenham se qualificado neste 31 de dezembro de 2020 passariam já para o quantum de tempo 2022. A vida seria melhor sem esses personagens. Eles sobreviveriam numa espécie de zona fantasma, uma réplica virtual da biosfera, a partir da qual não teriam acesso ao tempo dos nivelados. === * Professor no Depto. de física da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

sábado, 1 de agosto de 2020

Qual é o elemento mais pesado da Tabela Periódica?

Ciclamio L. Barreto

Tabela Periódica dos Elementos é uma das conquistas intelectuais mais relevantes da ciência. É uma espécie de catálogo das substâncias mais elementares existentes não só na Terra, mas em todo o Universo.

Muitas vezes é atribuída como sendo uma conquista da química, porque foi por onde toda a história dos elementos começou. Mas a física moderna consolidou o conhecimento que ela sintetiza.

química é a ciência que lida com as propriedades, composição e estrutura das substâncias (definidas como elementos e compostos), as transformações que elas sofrem e a energia que é liberada ou absorvida durante esses processos. A física moderna inclui a mecânica quântica, que aprofundou a compreensão da física atômica, permitindo uma compreensão mais fundamental da tabela periódica.

Existem três respostas possíveis para a pergunta no título, dependendo de como você define "mais pesado" e das condições da medição. Ósmio e irídio são os elementos com maior densidade, enquanto oganesson é o elemento com maior peso atômico. A densidade (= massa / volume ) depende da temperatura e da estrutura do cristal, que é a forma como os seus átomos se distribuem espacialmente. Portanto, qual elemento é mais denso varia de acordo com as condições. O peso atômico não é propriamente um peso, no sentido da força gravitacional. Esse nome é usado por razões históricas, mas seu significado é mesmo uma massa atômica relativa: uma quantidade física sem dimensão, definida como a razão entre duas massas: m, a massa média de átomos de um elemento em uma determinada amostra, e M, a constante de massa atômica, definida como sendo a massa de um átomo de carbono-12 (átomo que tem no núcleo 6 prótons e 6 nêutrons): [peso atômico = m / M]

Elemento mais pesado em termos de peso atômico
O elemento mais pesado em termos mais pesado por um determinado número de átomos é o elemento com o maior peso atômico. Este é o elemento que reúne no núcleo do seus átomos o maior número de prótons e nêutrons; atualmente é o elemento de número atômico ( = número de próntos no núcleo atômico) igual a 118. Esse elemento foi chamado de Oganesson, uma homenagem ao cientista que o produziu artificialmente. Quando um elemento mais pesado é descoberto (por exemplo, elemento 120), ele se torna o novo elemento mais pesado. O elemento mais pesado que ocorre naturalmente é o urânio (número atômico 92, peso atômico 238,0289).

Elemento mais pesado em termos de densidade
Outra maneira de analisar o peso é em termos de densidade, que é a massa por unidade de volume, portanto medida em g / cm^3. Um dos dois elementos pode ser considerado o elemento com maior densidade: ósmio e irídio. A densidade do elemento depende de muitos fatores; portanto, não há um número único de densidade que nos permita identificar um elemento ou outro como o mais denso. Cada um desses elementos pesa aproximadamente o dobro peso do chumbo. A densidade calculada para o ósmio é 22,61 g / cm^3 e para o irídio é 22,65 g / cm^3, embora a densidade de irídio não tenha ainda sido medida experimentalmente para exceder a do ósmio.

Por que ósmio e irídio são tão pesados?
Embora existam muitos elementos com valores mais altos de peso atômico, o ósmio e o irídio são os mais pesados. Isso ocorre porque seus átomos se agrupam mais firmemente na forma sólida. E a razão para isso está além do conhecimento pretendido para o ensino médio, incluindo efeitos quânticos e relativísticos.

Para finalizar, acesse a tabela periódica https://www.rsc.org/periodic-table e localize os elementos ósmio (Os) e irídio (Ir), anotando suas densidades e comparando com a de outros elementos, e o elemento oganesson (Og), anotando seu peso atômico e comparando este com o do urânio. 

Referência:
Adaptação do texto de Anne Marie Helmenstine, What Is the Heaviest Element? Disponível em https://www.thoughtco.com/what-is-the-heaviest-element-606627; acedido em 01/Agosto/2020.

quarta-feira, 13 de maio de 2020


Onde, como, até quando, para quê?
Preso incomunicável até a pandemia passar, aguardando julgamento.      

Ciclamio L. Barreto 
Escrito em 03.mai.2020 | Publicado em 13.mai.2020

“O que é do homem, os bichos não comem.” Esse é um falso provérbio que gozava de popularidade entre meus colegas de adolescência no bairro do Alecrim, em Natal, nos idos anos 1960. Nunca acreditei nas palavras literais, pois dificilmente presenciava bichos (cães, gatos etc.) se negarem a comer alimentos das pessoas. Aos poucos, fui me conscientizando do sentido metafórico, o qual também não se mostrou muito convincente. As ações humanas algumas vezes violam essa assertiva, ao ponto dela se mostrar carente de expressar o real significado pretendido. O exemplo mais marcante neste século 21 provavelmente são as flagrantes ameaças que pairam sobre um dos mais preciosos bens das populações, as quais são os frequentes ataques às democracias do mundo. Para ficar só no Brasil recente, o país caiu em um abismo profundo a partir do golpe de estado levado a efeito em 2016, promovido por diversos setores da sociedade para impedir um governo eleito democraticamente de governar, de terminar seu mandato. A democracia, que deve ser vista como um bem maior da sociedade, foi terrivelmente atacada em nome de interesses insidiosos, que se mostraram até mesmo criminosos, e que desmontam e desfazem o país até hoje.

Um dos piores acontecimentos do pós-golpe se cristalizou com a eleição para presidente em 2018 de um candidato nefasto, que nunca escondeu o que seria um governo que liderasse. O vencedor, Jair Bolsonaro, mostrou-se na realidade um presidente ainda pior que a encomenda. Simplesmente, por má fé, incompetência, desqualificação, ausência de qualquer preparo para o exercício do cargo e uma sede enorme de poder, esse presidente revelou-se uma tragédia nacional. O cidadão mais nocivo ao bem estar comum da Nação. Seus patrocinadores, com seus interesses satisfeitos, não têm se importado tanto com essa tragédia. Para eles, dos males, o menor. A tragédia da Nação não será tragédia, enquanto não afetar suas vantagens, seus lucros.

(...)

Os bolsonaristas que persistem em atacar os defensores do distanciamento social, medida indispensável nesta pandemia da CoViD-19, causada pelo novo vírus corona, algumas vezes alegam que estão defendendo o livre arbítrio, a necessidade do trabalho, enfim, a liberdade das pessoas, até mesmo o direito de ir e vir. Desdenham das medidas tomadas pelos governadores para combater o contágio pelo vírus, alegando que o país não é uma ditadura ao mesmo tempo que pedem uma intervenção militar. Além de dar chances ao vírus, esses manifestantes almejam levar uma vida que precipuamente atenda suas necessidades e interesses, de modo completamente alheio às necessidades e interesses da população em geral. Contribuindo deliberadamente para eles próprios contraírem o vírus – o que beira a loucura – e desenvolver a doença, eles também agem similarmente para contaminar outras pessoas, pois evitam ou em geral não seguem os preceitos determinados pelos órgãos de controle e prevenção de doenças, desde a Organização Mundial de Saúde até as Secretarias de Saúde do município e do estado (ou distrito federal). Há até casos extremos que vemos cotidianamente, por exemplo, de discursos que falam da pandemia como uma farsa. Essa cruzada anticiência se fundamenta, em uma de suas faces, tanto na mais pura ignorância e na mais pungente falta de uso da inteligência, como na outra face, no fanatismo político-religioso, incentivado por uma liderança que não tem a mínima preocupação com a população, senão com os seus próprios interesses e de sua família e aliados, e que deixado atuar sem limitações constitucionais acabará implantando no país uma ditadura desqualificada e plena de horrores para a população. Só no passado domingo (03/05/2020), em ato em frente ao Palácio do Planalto, Bolsonaro discursou a seus apoiadores pedindo “a Deus que não tenhamos problemas nesta semana, porque chegamos no limite.” Não explicou o que isso significa, mas disse também, enquanto participava de ato com pautas antidemocráticas, que as Forças Armadas estão do lado dele e que “não tem mais conversa” e que “não vai mais admitir interferência”. Ao longo da semana, representantes das forças armadas deixaram bem claro que não lhes incumbe ingressar em aventuras políticas, que a Nação tem uma constituição que deve ser seguida e desautorizaram Bolsonaro a continuar falando pelas forças armadas.

Tudo isso acontece simultaneamente ao desenrolar da pandemia de CoViD-19, que assola o Brasil de modo devastador. Para esse fato, Bolsonaro não dá a mínima atenção, a pandemia não faz parte de suas preocupações. Suas manifestações concernentes a ela sempre reverberam aos seus apoiadores como incentivos a desobedecer as prescrições de combate ao contágio pelo vírus. Todos devem lembrar da resposta em forma de pergunta “E daí? O que você quer que eu faça?”, quando solicitado a comentar o fato do Brasil ultrapassar 5 mil mortes causadas pela pandemia.
As instituições brasileiras devem agir para defenestrar esse ser nefasto do poder agindo constitucionalmente e emudecê-lo preso até passar a pandemia, quando deve ser julgado pelos muitos crimes que vem diuturnamente cometendo e que sejam reconhecidos e punidos por quem de direito. Assim, poderemos bem dizer que “o que é do homem, os bichos não comem” para referir o fato de que ninguém tem o direito de usurpar a democracia do povo brasileiro, muito menos sendo eleito para ocupar o cargo público máximo. E quem a isso se dispuser deverá pagar caro, ainda que dentro da constituição.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Outro mundo tem que ser possível

Hábitos e estilos de vida humanos depois da pandemia da CoViD-19 terão uma truncagem espetacular.
Os efeitos da pandemia estão afetando todos os setores da vida e, mesmo de modo distinto do atual, continuarão afetando as sociedades humanas globalmente.
A forma das pessoas se reunirem para quaisquer finalidades nunca mais voltará a ser a mesma existente antes da pandemia.
As manifestações culturais precisarão de modo imprescindível do suporte digital e da Internet.
A ida ao teatro ou cinema, bem como os comícios das campanhas políticas parecem condenados ao passado.
As 'black fridays' já foram trocadas pelo 'black year', 2020.
A educação terá de ser repensada, e será fortemente apoiada na aprendizagem em casa, não exatamente como pensam os adeptos do 'homeschooling', mas de um modo que a instituição chegará aos domicílios.
Uma coisa que a pandemia já matou foi o neoliberalismo econômico.
Nada pode ser mais didático para demonstrar a crueldade do capitalismo neoliberal do que Cuba enviar médicos a diversos países, inclusive à Europa (Itália), a escassez de ventiladores pulmonares no mundo e os EUA segurando máscaras de proteção facial.
OUTRO MUNDO TEM QUE SER POSSÍVEL.
O grande problema com a morte do neoliberalismo e do estado mínimo será uma chance que terá o fascismo.
Terá de haver sistemas públicos de saúde, não por solidariedade, mas por sobrevivência.
E um estado forte surgirá que poderá se tornar repressor das liberdades individuais.
Junte o inevitável e rígido controle de fronteiras e a xenofobia mesclada ao medo, à ignorância e às necessidades econômicas e você terá todos os ingredientes do novo fascismo.
Historicamente, as epidemias são acontecimentos com uma duração, mas há indícios que esta veio para ficar.
Ao longo do tempo, se for assim, o vírus corona tende a contagiar toda a humanidade, que aos poucos (muito lentamente) irá desenvolver e adquirir anticorpos para o combate natural, seja por vacina ou medicamentos terapêuticos.
A humanidade terá de fazer uso intensivo da sua capacidade de adaptação, talvez exercê-la em algumas décadas o equivalente ao que exerceu ao longo da sua evolução biológica.
Muito tempo precisará decorrer para que os estilos de vida e hábitos vigentes até 2019 sejam resgatados pela humanidade.
Com todas essas circunstâncias viveremos a distopia que nunca foi pensada.
A humanidade precisará de muito tempo para resgatar os hábitos, estilos de vida e os estados democráticos de direito.
Como já escreveu em verso Caetano Veloso: "O século 30 vencerá." (clb)

O que fazer durante a pandemia

O que fazer durante a pandemia:

1. Fique em casa se seu trabalho não é essencial;

2. Defenda o SUS e a ciência;

3. Salve vidas (e.g., doe sangue) e seja gentil.

p.s.: Quando pensar em reclamar por estar em casa, lembre-se de quem gostaria de estar no seu lugar e não pode.


Aprendizagem remota com computador e Internet


Nos EUA, há um fosso digital que se configura como obstáculo à educação a distância: mais de um terço das famílias de baixa renda não têm acesso a um computador e à Internet para aprendizagem remota. 

No Brasil, essa fração pode chegar a dois terços da população. 

Essa realidade brasileira tem dado origem a processos judiciais que estão sendo abertos por pais de alunos, não exatamente contrários à educação a distância, mas à determinação governamental de que as atividades remotas sendo ofertadas durante a pandemia possam contabilizar como carga horária oficialmente cumprida equivalente às presenciais.

O que você acha?

domingo, 3 de maio de 2020

O Brasil de 2019 virou um estado autocrático

O Brasil de 2019 está irreconhecível. Mas não ficou assim de um dia para outro. De fato, o degringolamento começou de modo bizarro em 2013. Ao longo do primeiro semestre deste ano, algumas manifestações aconteceram em umas poucas capitais, motivadas em primeiro lugar pela rejeição de estudantes ao aumento da passagem nos transportes coletivos urbanos. Rio de Janeiro, São Paulo e Natal talvez tenham sido as pioneiras. Esses eventos levaram a uma culminância do sentimento de desilusão da população - não só dos estudantes - com a situação do relacionamento dos poderes públicos municipais com os empresários do setor de transportes públicos. No mês de junho aconteceram as maiores manifestações em muitas capitais. A esta altura o movimento incluía oportunistas que traziam todo tipo de reivindicação para a sua pauta. O tema da corrupção foi intensificado com apoio de todos as correntes participantes. Havia um espectro difuso de ítens reivindicados, refletindo uma ausência dramática de lideranças políticas. Em São Paulo surgiu movimentos tais como o MBL e congêneres, que hoje sabemos terem sido financiados pelos irmãos Cohen, magnatas da extrema direita do petróleo nos EUA, interessados em uma desestabilização do estado brasileiro pelo interesse que mantêm no petróleo e na Petrobrás. Esses grupos foram também cooptados pelos políticos inescrupulosos que pululam (até hoje) em muitos partidos políticos brasileiros. Em 2014 houve eleição para presidente da República e a então presidente, Dilma Rousseff, do PT, se candidatou e ganhou, sendo reeleita, vencendo o então Senador Aécio Neves, candidato pelo PSDB. Neves, desde o dia do anúncio do resultado, falou em fraude na eleição e fez de tudo para anular o resultado da eleição. Não conseguiu. Mas conseguiu arregimentar inescrupulosos como ele no país inteiro para implementar intermitentes manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Surgiram várias espécies de insatisfeitos com o governo, que antes nunca haviam se pronunciado, apesar do clima pleno de liberdade de expressão e manifestação garantido no país já há alguns anos. 2015 foi um ano perdido para o governo da presidente Rousseff, pelo boicote que sofreu no Congresso Nacional. As manifestações foram sendo intensificadas até em que abril de 2016 foi votado no Congresso Nacional o impedimento da presidente Rousseff. O processo de impeachment então passou ter seu ritual implementado e, em 31 de agosto, 2016, o Senado Federal ratificou o impeachment e Rousseff foi defenestrada do Palácio do Planalto. O líder político da arrumação, Michel Temer, vice-presidente de Rousseff, assumiu a presidência, consumando o golpe de estado parlamentar-midiático-empresarial que inaugurou a derrocada do Brasil. Em 2020, em plena de pandemia de CoViD-19, o país devastado, um presidente fascista que ganhou a eleição de 2018, protegido pelos poderosos, desempenha seu papel de modo que até surpreende seus manda-chuvas: ele se interessa em aplicar um golpe de estado apoiado pelas forças armadas. Mas temos que confiar nas instituições democráticas brasileiras, que elas serão capazes de impedir essa ação maligna desse presidente bosta. O nome dele é Bolsonaro. (Esse texto foi iniciado em 2019 e concluído em 03/05/2020)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Black Scientists Less Likely to Win N.I.H. Research Grants, Study Finds - NYTimes.com

A research grant application from a black scientist to the National Institutes of Health is markedly less likely to win approval than one from a white scientist, a new study reported on Thursday (August 18, 2011) in Science magazine.

A black scientist was one-third less likely than a white counterpart to get a research project financed, the study found.

Members of other races and ethnic groups, including Hispanics, do not appear to run into the same difficulties. Asians were somewhat less successful, but the gap disappeared when foreign-born scientists — who may have difficulty with English in writing successful grants — were excluded.

Earlier studies have found that women have largely the same level of success as men in obtaining N.I.H. grants.

Saiba bem mais sobre este surpreendente preconceito vigente nos Estados Unidos:


Black Scientists Less Likely to Win N.I.H. Research Grants, Study Finds - NYTimes.com